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"Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina"

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O que é a Cutelaria?

O que é a Cutelaria?

Purbhu (Tibetana)

Se você não sabe o que exatamente significa cutelaria, não se assuste. Uma legião de brasileiros ainda desconhece a palavra. Apesar de o termo cutelaria ser pouco utilizado, ele começa a aparecer com maior freqüência, inclusive fora dos círculos especializados. Resumindo, cutelaria é a arte de fabricar instrumentos de corte. A palavra cutelo – instrumento cortante semicircular de ferro – vem do latim cultellu (faquinha), de onde provém também a palavra cutela, faca larga para cortar carne.

As facas fazem parte da história do homem e não é possível imaginar o desenvolvimento de nossa raça e a sua sobrevivência sem elas. No paleolítico inferior, há 2.500.000 anos, na Tanzânia e na Etiópia já existiam as primitivas facas feitas de lascas de pedra. Com elas foram feitas as pontas das lanças, foi cortado o couro para as roupas e foram produzidos utensílios destinados à defesa e ao abrigo. Podemos dizer que o que diferenciou o homem dos macacos foi, sem dúvida o fato de que um descobriu a faca e dominou o fogo e o outro não.

Um longo período passou até que se chegasse a dominar o primeiro metal, na Idade do Bronze, que vai de 2000 a 700 a.C. Já o ferro passou a ter uso generalizado depois do ano 1000 a.C. Apesar de já ser conhecido muito tempo antes, a tecnologia de sua utilização era muito rudimentar e só depois da colonização romana, por meio das suas legiões, é que a técnica de forjar este metal tornou-se popular. A siderurgia teve um nascimento místico do qual fez parte o ferreiro, que é o pai do cuteleiro. A palavra mais antiga para denominar ferro é an bar, de origem suméria, e designa respectivamente “Céu e Fogo”, traduzida por “metal celeste” ou “metal estrela”

Muitos séculos antes do ferro ser domesticado pelos ferreiros e extraído das minas, ele era utilizado de forma ritual e mágica para produzir amuletos e facas para sacerdotes e reis, já que era proveniente de meteoritos, um fenômeno considerado sagrado desde a remota antiguidade. Há quem diga que origem da palavra siderurgia vem de sideral, exatamente porque o ferro vinha de meteoritos. Era considerado sagrado, como um presente dos deuses aos homens, ou melhor, aos reis e sacerdotes.

Os meteoros eram chamados de “pedra dos raios” ou “machados de Deus” e tinham a conotação viril de penetrar a terra e fecundá-la, além de serem considerados armas de Deus. Os esquimós da Groenlândia faziam suas facas de meteoritos, martelando-os com pedra, como se o ferro também fosse um tipo de pedra, pois não conheciam a metalurgia. Quando Cortés, o conquistador espanhol, perguntou aos chefes astecas de onde obtinham suas facas, eles lhe apontaram o céu.

O ferro de meteoro era usado pelos Maias e pelos Incas e, até muito recentemente, pelos Malaios e Indonésios para a produção de uma arma que ainda hoje faz parte da indumentária (especialmente nas festas) do povo daquele arquipélago: o Kris é uma faca com lâmina ondulada, como uma espada flamejante maçônica, que lembra uma serpente.

As facas rituais são também usadas pelos tibetanos, sendo mais conhecidos dois modelos: um de lâmina larga, usado para “tirar a pele do ego” e outro com um ponta triangular, como se fosse uma ponta de flecha, que é conhecido como “Purbhu”. Esta faca tem na sua parte superior um objeto chamado “Vajra” ou “Dorje” que quer dizer raio ou diamante. Vemos, mais uma vez, o aparecimento da ligação sideral ou sagrada entre o objeto que corta, separa o bem do mal, símbolo da consciência discriminadora. O Purbhu foi mostrado no filme “O Sombra” e em “ O Rapto do Menino Dourado”, estrelado pelo ator Eddie Murphy.

Nos dias de hoje as facas são classificadas basicamente em utilitárias e esportivas, mas poderíamos mencionar ainda: facas de arremesso, decorativas, de cozinha, de caça, de bota, facas militares, de sobrevivência e canivetes (que na verdade são facas pequenas), entre outras. As espadas são um desenvolvimento natural das facas. Sendo maiores podiam manter o inimigo a uma distância maior e mais segura. Hoje são usadas quase que exclusivamente em competições esportivas e cerimônias militares ou maçônicas.

Falar em espadas e não mencionar as Katanas, espadas samurais, seria um descuido. As espadas, consideradas a alma do guerreiro, eram e são feitas por espadeiros com técnicas secretas e passadas de pai para filho desde a Idade Média. Os espadeiros japoneses são considerados patrimônios culturais vivos do Japão. Um pouco desta arte foi mostrada nos filmes da série Highlander.

A arte milenar de se produzir o aço conhecido na antiguidade como Damasco, com desenhos esculpidos na própria liga de metal, como fibras de madeira, também faz parte do acervo artístico da cutelaria atual. Esta forma de produzir aço especial teve origem na Índia, mas foi divulgada ao mundo cristão pelos árabes, durante as Cruzadas, daí “Damasco”. No Brasil, alguns cuteleiros produzem tal preciosidade, sendo com ela confeccionadas as facas mais caras do mercado nacional e internacional.

Outra novidade nos remete a Idade da Pedra: literalmente, a pedra voltou! As novas facas feitas de cerâmicas de alta tecnologia são novidade no mercado. Elas são produzidas com micro-cristais e óxidos metálicos, comprimidos e vitrificados em altas temperaturas.

Fonte: www.sbccutelaria.org.br/


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